Em 2016, quem não capitulou frente a uma bela cerveja artesanal? Definitivamente não foi um bom ano para o vinho. O mercado encolheu e os preços subiram.
A alta do dólar e a crise interna foram os fatores que mais pressionaram para a redução não só do consumo, mas também do volume de importações e da capilaridade da oferta (aquela lojinha da esquina fechou).
Mas o que nos espera em 2017? Eis aí as previsões do Blog:
- O vinho nacional, principalmente espumante, é tendência.
Nunca a indústria nacional alcançou tantos prêmios e reconhecimentos. Isso é fruto da profissionalização, maciços investimentos em tecnologia e melhora da qualidade produtiva.
Ainda é caro produzir vinho no Brasil e a competição no preço da gôndola é árdua para tintos e brancos, sobretudo contra os importados sob tarifação do Mercosul.
Todavia, no quesito espumante as opções brasileiras são excelentes (tenho experimentado vários na faixa entre R$50 e R$ 100 e, salvo raras exceções, todos valeram o seu preço).
- Argentina e Chile apresentarão outras faces além do Malbec-de-Mendoza e Carmenere-do-Chile.
Além do tédio de repetir sempre o mesmo tipo de vinho, o bordão foi exaurido por produtores menos preocupados com qualidade do que com vendas.
O bom é que nossos vizinhos têm ótimas opções para apresentar. A Argentina tem feito vinhos interessantes com a uva Bonarda e com a Cabernet Franc. Já o Chile deve vir forte com blends elegantes e equilibrados. Há coisas incríveis de pequenos e cuidadosos produtores.
- A procura pelo custo-benefício: Saber ler o rótulo será importante.
A crise ainda não passou e a procura por vinhos que entreguem mais por menos é palavra de ordem.
Esqueçam as regiões famosas, o negócio é garimpar boas produções de procedências ainda sem prestígio consolidado. África do Sul, com seus Pinotage agradáveis e refrescantes Chenin Blanc, é uma boa aposta.
Neste cenário a informação faz toda a diferença, um pouco de pesquisa e análise das informações disponíveis valerá ouro (vale pedir orientação ao sommelier).
- Oferta de safras mais antigas.
Ao invés de investir muito em novas importações está na hora de comerciantes colocarem à venda aquele estoque antigo, principalmente de garrafas adquiridas a um dólar camarada. Ótima notícia para o consumidor que terá vinhos mais evoluídos à disposição. Mas cuidado, nem todo o vinho é de guarda.
- O consumidor aprendeu a gastar mais.
Quem comprava vinho por R$ 80, na alta passou a desembolsar R$ 100 e assim por diante. Esse é um caminho sem volta, quem desembolsou R$ 100 uma vez vai fazer de novo. Aprendemos que gastar um pouco mais não mata e um mercado de rótulos de maior qualidade poderá se beneficiar de um consumidor mais generoso
- Os bons comerciantes continuarão bons.
Quem sobreviveu 2016 teve que apertar o cinto, renegociar condições comerciais, reduzir a estrutura, diminuir os custos e margens. Em uma relação comercial saudável, o benefício desta composição mais leve pode (e deve) ser compartilhado. Isso quer dizer, preços menores e quantidades maiores, sem perda de qualidade. Ganhamos todos.
- Maus comerciantes continuarão maus
Continuarão em voga descontos do tipo “metade do dobro”, grandes rótulos a preço de grandes rótulos (mas de safras ruins, adquiridas no mercado internacional a menor preço), prêmios e pontos de críticos e concursos obscuros, remarcação de preços para manter as margens de lucro, etc., etc., etc.
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