Fomos conferir o primeiro MOVI Night SP, evento que ocorreu na recentemente na capital paulistana, para promover vinhos de produtores independentes do Chile.
O MOVI – Movimento de Vinhateiros Independentes do Chile – é uma associação de 32 pequenos produtores andinos que compartilham o anseio de produzir vinhos de qualidade, em pequenas quantidades, respeitando o terroir local. Se preferir pode chamar de vinhos de autor ou vinhos de garagem.
É um movimento de contracultura, insubordinado à noção de que o Chile (somente) é capaz de produzir vinhos em dois seguimentos: os simples de bom custo-benefício ou os premium, uma reduzida minoria de boa qualidade, ao estilo europeu, caros e sem personalidade.
Não raro, no MOVI o proprietário acumula a função de viticultor, comercial, enólogo, sommelier e ainda vem ao Brasil para servir sua taça, enquanto falam apaixonadamente sobre aquilo que produzem. Só não me pergunte quem ficou tomando conta das vinhas…
O EVENTO
Em clima de festa, com direito a DJ, food bikes e, obviamente, muito vinho, o MOVI Night SP reuniu 250 convidados entre profissionais da área, imprensa e personalidades do mundo do vinho.
Pessoas interessantes, papos animados e apesar de bastante gente, o ambiente era amplo, decoração elegante, com espaço de circulação para todos. Os termômetros marcavam 16º em São Paulo, a temperatura para o serviço não foi uma grande preocupação.
Com tudo muito bem organizado só restou a tarefa de partir para a degustação. A proposta era um sobrevoo por todo o Chile em 3 etapas assim formatadas:
No Flight A estavam os vinhedos plantados nas últimas duas décadas fazendo uso das mais modernas tecnologias de análise de composição físico-química do solo e georreferenciamento das videiras (vinhedos de precisão). Conjugam as capacidades do terreno com as melhores características sensoriais das uvas escolhidas para plantio.
Entre Sauvignon Blancs e Chardonnays surgiam ótimos syrahs, cepa que não costuma ser associada ao nosso vizinho andino. Os destaques foram:
Vinho | Descrição | |
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Villard Le Chardonnay Grand Vin 2014 | Casablanca. Frutas tropicais maduras e baunilha, apresenta um agradável amanteigado. Untuoso e de boa estrutura. | |
Tunquen syrah 2012 | Produzido pelo casal de brasileiros Marcos Attilio e Angela Mochi no vale do Casablanca, traz um frescor vibrante com especiarias exóticas e frutos negros. Final longo e apimentado. | |
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Polkura Syrah 2010 | Colchagua, Syrah co-fermentado com Viognier, ao estilo Cote-Rotie, só que mais musculoso e intenso. Cassis, amora e pimenta preta. |
O Flight B apresentou vinhos com origem nos terroirs clássicos do Chile, mas feitos segundo a reinterpretação e visão pessoal dos vinhateiros responsáveis. Neste voo destacamos os seguintes:
Vinho | Descrição | |
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Clos Andino Grande Reserve 2011 |
Maipo -Cerejas vermelhas, com notas de pimentão e um pouco de tabaco. Taninos bem desenvolvidos e ótima acidez. | |
Laura Hartwig Edición de Familia – 2011 |
Colchagua – Um blend bordalês. Denso de grande volume em boca. Cereja e ameixas maduras, toques amadeirados e fumados. Muito equilibrado | |
Vultur Gryphus 2013 |
Colchagua. – Carmenere e Petit Verdot e Petite Sirah. Robusto e elegante, surpreendeu pela notas herbacias discretas e um conjunto equilibrado e com complexidade. | |
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Flaherty 2013 |
Acongcaua, – Um blend de Syrah, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tempranilho. Òtima fruta Madura e bastante complexidade. Um vinho muito equilibrado e elegante. |
Montelig 2009 |
Aconcagua Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Carmenere. Bom corpo e frutas do bosque e apimentado, presença de madeira. Longo final. |
O Flight C reuniu vinhos elaborados em locais que foram durante muito tempo desprestigiados, mas que agora vêm despontando com “novas” uvas como a Carignan e Cabernet Franc, e técnicas modernas de elaboração. Entre eles distinguiram-se os abaixo:
Vinho | Descrição | |
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Gillmore Hacedor de Mundos Cabernet Franc Old Vines 2010 |
Loncomilla – frutas negras maduras e presença herbal. Apimentado e com uma presença salina. Complexidade interessante. Bom corpo. | |
3 Monos Carignan Garnacha 2014 |
Valle de Cauquenes. Este vinho é muito particular. Corpo espesso, com frutas secas, quase adocicado. Acidez em equilíbrio. | |
Dueno de la Luna Carignan Meli 2009 Maule. |
Vivido, cheio de juventude e fácil de tomar. Frutos vermelhos maduros, boa fruta e ótima acidez. | |
Fillo Carignan 2014 |
Corpo robusto. Concentrado de vermelhos maduros toques de violeta. Taninos maduros e envolventes. |
Os vinhos acima comentados são uma pequena parcela entre os tantos exibidos. Depois dessa demonstração de grande diversidade e qualidade, está claro que o Chile tem capacidade para galgar degraus mais altos no patamar dos vinhos mundiais.
E, sem dúvida alguma, o MOVI é um dos canais mais encantadores para garimpar novas joias, produzidas com tanta paixão e personalidade, como melhor explicou seu diretor, Sergio Avendaño, na entrevista exclusiva que concedeu a este blog, a ser publicada no próximo post.
Saúde!
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