Nem bem começou, 2020 já promete bastante agito no mundo do vinho. Consultando a bola de cristal do blog, listamos abaixo 7 temas para não perder de vista neste ano.
1. Guerra Comercial – Os Estados Unidos ameaçam aumentar as tarifas de produtos europeus em até 100%. O governo do Sr. Trump deixou claro que os vinhos franceses, em especial Champanhe, estão na mira.
Se isso de fato ocorrer o consumo interno de vinhos americanos deve aquecer, inclusive aqueles produzidos na Virginia, onde o Sr. Trump tem uma vinícola, cujo carro chefe é… (adivinhe) espumante, lógico.
As exportações do Chile, Nova Zelândia e Argentina para os EUA devem crescer e se você for otimista pode até imaginar o Brasil entrando no mercado principalmente para vinhos brancos e espumantes.
No dia-a-dia isso quer dizer mais velho mundo nas gondolas brasileiras. E se você não abre mão de um malbec para acompanhar aquela carne na grelha, comece a pensar sobre Cahors ao invés de Mendoza.
2. O céu é o limite – Vinhos Italianos vêm ganhando espaço e fazendo muito barulho na mídia internacional. Os supertoscanos estão na moda de público e crítica e isso deve continuar. Em 2020 os preços devem confirmar esta escalada, puxando para cima também os brunellos e barolos.
3.Mais elegância e leveza – O consumo de vinhos mais leves e elegantes, inclusive brancos, deve crescer em 2020. Em contraste, a exuberância dos alcoólicos e amadeirados parece cada vez mais datada. Nesta sintonia deve se sustentar a tendência dos vinhos orgânicos e mais naturais.
Em um primeiro momento foi a pegada ecológica e politicamente correta que chamou a atenção no movimento dos orgânicos e suas variações.
Agora, está claro que evitar químicos que possam afetar as características naturais e uma intervenção mínima e/ou parcimoniosa no processo de vinificação significa privilegiar a essência da fruta e do terroir. É essa pureza que se busca em 2020 nos vinhos mais leves e elegantes.
4. Novo Bordeaux Blend – Em julho de 2019 o Sindicato dos Produtores de Bordeaux aprovou o uso de 5 “novas” uvas tintas e 3 brancas para compor até, respectivamente, 10% do blend característico da região.
Logo, é possível que, em breve, os rótulos e fichas técnicas passem a indicar a presença das tintas Marselan, Touriga Nacional, Castets e Arinarnoa (cruzamento entre Tannat e Cabernet Sauvignon) ou das brancas Alvarinho, Petit Manseng e Liliorila.
Isso ainda precisa ser aprovado pela INAO, a autoridade agrícola francesa, mas muitos produtores já estão plantando e fazendo experiências com as “novas castas”. Também tem se percebe o aumento do percentual de carmenere nos bordaleses.
Na verdade, a questão é muito mais profunda do que o Bordeaux Blend, envolvendo aquecimento global e a demanda por uvas com maior resistência ao calor.
5. Precificação de Bordeaux – Por falar em Bordeaux, a sequência de grandes safras, a queda na demanda e abundância dos estoques deverá pressionar os preços para baixo.
Com o mercado de Hong Kong em recessão, Londres sob a incerteza do Brexit e a guerra de tarifas imposta pelos EUA, os principais motores de preços de Bordeaux estão vulneráveis.
Já há rumores que a safra de 2019 foi excelente, mas quem se disporá a comprar diante das incríveis 2015, 2016 e 2018?
E isso, sem falar que ainda há disponível no mercado quantidade razoável das grandes safras de 2009 e 2010 e que já estão mais prontos para serem consumidos, ou 2011 e 2014 que foram bons anos lançados com preços mais razoáveis.
Talvez seja o típico exemplo do excesso de sorte como maldição. A boa notícia é que se espera pressão (para baixo) nos preços.
6. Aumento de qualidade na oferta – O consumidor brasileiro está cada vez mais consciente e informado. Isso equivale dizer que o nível de exigência e a demanda reclamam por vinhos de maior qualidade. Em 2020, espera-se ver cada vez mais cuidado na seleção e oferta no mercado nacional
7. Recordações de viagem – Já está em vigor o novo limite de isenção sobre compras feitas no free shop. Espera-se que a cota seja aumentada também para compras no exterior. Se tudo der certo, em 2020 poderemos trazer mais vinhos na mala para consumo pessoal, livres de tributos ou burocracia.
janeiro 7, 2020
EXELENTE